quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Mudar de vida: Parte I

A vida por vezes leva-nos à mudança. O meu percurso na fé nem sempre foi ativo. Quando era criança, tentei várias vezes fazer catequese mas era, na altura, atividade difícil. Lembro-me de estar na cama e perguntar-me se Deus realmente existia porque é que permitia que vivesse neste mundo, porque é que me deixava viver naquele ambiente. A minha mãe casou muito nova, com o seu primeiro namorado, que logo após o casamento demonstrou ser uma outra pessoa que ela não conhecera. A minha mãe teve dois filhos, sozinha, e digo sozinha porque foi mesmo assim. Até aos meus 10 anos vivi momentos de angústia, medo e de terror. Lembro-me de ir para casa a rezar para o pai não estar em casa. Lembro-me também do barulho da bater da porta e dos pratos a partirem-se no chão, do gritos, da dor no peito de tanto medo.


A minha infância foi triste, então meti na minha cabeça que a infância do meu mano seria muito melhor, então no meio daqueles tumultos todos, eu tentava inventar histórias para que o meu mano não sofresse como eu. Para mim, Deus, naquela altura não existia, pois eu pedia e Ele não me ajudava, pedi tanto para que o prendessem e aquele pai, no dia seguinte já estava em casa com a mesma fúria do dia anterior pronto para gritar, partir coisas e bater- nos. A mãe olhava para nós sempre com aquele ar tranquilizante "Está tudo bem filha!". Certo dia ela contou-me um segredo, "Amanhã filha, vamos fugir, mas não digas nada a ninguém!" nesse dia acordei com uma alegria imensa, Deus tinha-me ouvido finalmente tudo ia acabar. 

Eu ia à catequese em criança, mas nunca consegui fazer primeira comunhão como as outras crianças, havia dias que tinha vergonha de ir, sentia-me triste e não acreditava em nada do que diziam na missa. Além disso, o trabalho da minha mãe (ferróviária) obrigava-nos a mudar de casa constantemente e não conseguia assim terminar com assiduidade a catequese infantil. A minha avó Madalena, ia-me ensinando orações, e eu aprendia  porque a deixava feliz. Mesmo eu não acreditando, Deus esteve sempre presente na minha vida. Ao longo dos anos, fui me apercebendo da sua presença tão real, um dia sonhei com Jesus (esse sonho contarei outro dia). Nunca esquecerei as suas palavras "Onde quer que vás, está descansada, estarei sempre contigo". Foi um sonho tão real que ainda hoje quando me lembro, me emociono. Naquele dia, acordei FELIZ  como nunca, e senti que Deus era Bom. 

A partir daí, tive muitas vezes vontade de regressar à Igreja, mas tinha vergonha, medo de ser rejeitada, afinal já tinha 17 anos, era uma adulta, pensava que seria ridicularizada por não ter sequer feito a primeira comunhão. Até que um dia, já tinha eu 20 anos, quando uma amiga me convidou para fazer o crisma e a primeira comunhão com outros adultos na paróquia de Reveles. Eu aceitei logo, com muita alegria e fui com o meu irmão. 

O momento em que comunguei pela primeira vez na minha vida, foi o momento em que me senti mais realizada. Lembro-me de sentir medo, entrega, amor, respeito e pena por não ter vivido aquele momento mais cedo. Muitas vezes nos esquecemos da importância que tem esta ação. A comunhão é o momento mais importante de toda a eucaristia. Esse momento, mudou a minha vida.

"Na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: "Isto é o meu corpo, que será entregue por vós; fazei isto em memória de Mim". Do mesmo modo, depois da Ceia, tomou também o cálice, dizendo: "Este cálice é a nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de Mim". PRIMEIRA EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS 11,23-25

 
(imagem retirada da internet: fonte Canção Nova)



E Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés que vos deu o pão do Céu, mas é o meu Pai quem vos dá o verdadeiro pão do Céu, pois o pão de Deus é aquele que desce do Céu e dá a vida ao mundo.» Disseram-lhe então: «Senhor, dá-nos sempre desse pão!» Respondeu-lhes Jesus: «Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não mais terá fome e quem crê em mim jamais terá sede. Mas já vo-lo disse: vós vistes-me e não credes. Todos os que o Pai me dá virão a mim; e quem vier a mim Eu não o rejeitarei, porque desci do Céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade daquele que me enviou é esta: que Eu não perca nenhum daqueles que Ele me deu, mas o ressuscite no último dia.Esta é, pois, a vontade do meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia.» Jo 6, 32 - 40

4 comentários:

  1. Que testemunho magnífico do poder e do amor de Deus na nossa vida! Deus realmente cuida de cada um de nós como se mais ninguém existisse na Terra! Ab Teresa

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    1. Obrigada Teresa, e vocês vieram ajudar-me a continuar esta caminhada. thanks pela força, inspiração e pelo incentivo.

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  2. Oh Cláudia a tua história emocionou-me a sério... com direito a lágrima nos olhos e no coração...
    Obrigada pela tua partilha, por nos mostrares que não importa de onde vimos o importante é para onde vamos!

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    1. Obrigada Olivia, também tenho seguido o vosso blogue, uma história linda de exemplo de amor. Um abraço
      Cláudia

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